Paul Friedrich Meyerheim (1842-1915) Os Restos da Refeição
óleo sobre tela 138,7 x 176,3 cm, 1879
Em tempos de gourmetização exagerada e pratos minimalistas que mais parecem obras de arte contemporânea, nada como uma cena simples e sincera para nos lembrar o que é, de fato, um verdadeiro banquete. Paul Friedrich Meyerheim, em pleno século XIX, já entendia das prioridades da vida. Sua obra Os Restos da Refeição é praticamente um manifesto: quando os humanos viram as costas, quem sabe aproveitar de verdade é o galo.
Ali está ele, imponente, dono da mesa, pavoneando-se sobre a toalha como se tivesse financiado todo o almoço. Ao seu redor, galinhas e pardais se esbaldam nos restos, numa festa que faria qualquer influencer de culinária corar de inveja.
O curioso é que a cena, com toda sua simplicidade caótica, ironiza aquelas clássicas pinturas holandesas que retratavam mesas organizadas, cálices brilhando, frutas estrategicamente dispostas, como se o mundo parasse para um clique de Instagram. Meyerheim foi além: mostrou o depois, o momento em que a vida real acontece. Porque sejamos honestos, nenhuma mesa continua organizada depois de uma boa refeição, muito menos ao ar livre.
E cá entre nós, imaginar o artista montando esse cenário é um deleite à parte. Imaginação não faltou. Talvez tenha colocado o galo em posição, dito “fique aí, amigo, é sua hora de brilhar”, enquanto as galinhas tratavam de resolver o resto da bagunça. No fundo, é a arte imitando a vida, onde, no fim das contas, os que realmente aproveitam a festa são os que não estavam na lista VIP.
Seja na pintura, seja na vida, fica o lembrete: às vezes, os melhores banquetes acontecem quando ninguém está olhando. E o galo? Continua sendo a verdadeira estrela do rolê.
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