Imagine que você ganhou na loteria. Não, não estou falando de uma bolada em dinheiro, mas de algo ainda mais raro: um tratamento eficaz para sua saúde mental. Sim, porque segundo um estudo recente, apenas 7% das pessoas no mundo que precisam de assistência psicológica realmente recebem um tratamento adequado. É praticamente um sorteio. “Parabéns, senhor! Você foi contemplado com um psiquiatra competente e um acompanhamento digno! Opa, desculpe, erro do sistema, seu prêmio foi redirecionado para outro paciente. Próximo da fila!”
A grande questão aqui é: será que a gente precisa de um aplicativo de fila de banco para conseguir atendimento decente? Ou será que devemos simplesmente começar a fingir que está tudo bem e seguir em frente, como manda a boa e velha tradição familiar? “Depressão? Isso é falta de louça pra lavar!”, diria sua tia enquanto frita coxinhas no óleo requentado.
O estudo ainda aponta que 46,5% das pessoas que possuem algum transtorno mental sequer reconhecem que precisam de ajuda. Isso é um dado curioso, porque, convenhamos, todo mundo conhece alguém que precisa desesperadamente de terapia, menos a própria pessoa. E quando finalmente bate a consciência e a pessoa decide buscar ajuda, entra em contato com o sistema de saúde e… surpresa! O sistema de saúde está ocupado demais lidando com outras prioridades, como tentar equilibrar suas contas deficitárias ou encontrar um médico disponível antes da próxima década.
E se, por milagre, você chega até um tratamento minimamente adequado, ainda precisa passar por outro funil estatístico. Dos que conseguem alguma assistência, menos da metade recebe um tratamento realmente eficaz. Ou seja, é como se você pedisse um remédio e recebesse um placebo junto com um tapinha nas costas e um “melhora aí, campeão”.
Agora, veja bem, não estou dizendo que os profissionais de saúde mental não fazem o possível – pelo contrário! O problema está na estrutura, nos investimentos e, claro, na valorização da saúde mental como algo prioritário. Porque, sejamos sinceros, se um time de futebol gastar milhões para contratar um jogador, todo mundo acha normal. Mas se alguém sugere que o governo invista pesado em saúde mental, aí já vira luxo, frescura, ou pior: papo de gente “fraca”.
No fim das contas, fica a grande dúvida: se a sanidade virou um privilégio, será que vale a pena continuar tentando? Ou devemos abraçar o caos e simplesmente aceitar que estamos todos nessa montanha-russa emocional sem cinto de segurança? De qualquer forma, lembre-se: se estiver se sentindo mal, peça ajuda! Só tenha paciência, porque essa fila é mais concorrida que a Black Friday de terapia gratuita.
- Novas atualizações no código civil - Abril 21, 2025
- A Síndrome do Cargo Fictício - Abril 21, 2025
- Morre Francisco, o Papa que rezava com os pés no chão - Abril 21, 2025