Invocação do Mal 4: O Último Ritual — quando o medo insiste em não acabar

Se tem uma franquia que já deveria ter um cartão fidelidade para os fãs, é Invocação do Mal. Depois de tantos sustos, possessões e objetos amaldiçoados, chegamos a “O Último Ritual”,  que, cá entre nós, de “último” só tem o nome. Em Hollywood, nada é tão eterno quanto o lucro de um bom demônio.

Mais uma vez, Ed e Lorraine Warren (aqueles investigadores paranormais que já sofreram mais do que personagem de novela das nove) enfrentam uma entidade que não entende o conceito de aposentadoria. A trama segue o manual do terror moderno: barulhos repentinos, portas rangendo, crucifixos virando de cabeça para baixo e, claro, crianças inocentes que parecem ter nascido com antena para captar o sobrenatural.

É divertido perceber como a franquia se tornou previsível e surpreendente ao mesmo tempo. Previsível, porque sabemos que sempre haverá uma cena em que a câmera foca no corredor escuro até o espectador implorar: “aparece logo, criatura!”. E surpreendente, porque, apesar de já sabermos disso, a pipoca continua voando da mão em cada susto.

Mas por trás dos gritos no cinema, há algo sério: a forma como o filme reforça o fascínio humano pelo inexplicável. No fundo, o terror nos lembra que temos medo não do que vemos, mas do que não conseguimos explicar. E nisso, “O Último Ritual” é eficiente: não importa se você acredita em demônios, espíritos ou apenas em boletos atrasados, sempre haverá algo pronto para assombrar.

No saldo final, o filme é um prato cheio para fãs do gênero, ainda que repita fórmulas já batidas. Talvez o verdadeiro “último ritual” seja esse: aceitar que, no cinema de terror, nada termina de fato. Sempre haverá espaço para mais uma invocação, mais um grito e, claro, mais um spin-off com a boneca Annabelle escondida no fundo do cenário.

“Invocação do Mal 4” é eficiente em entregar sustos e manter a chama da franquia, mas vive da repetição de fórmulas já conhecidas. É como aquele amigo que conta sempre a mesma piada, você já sabe o final, mas ainda ri (ou, no caso, pula da cadeira).

“Por que gostamos tanto de sentir medo, mesmo sabendo que o susto é garantido?”

Jackson Santos

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *