Carros voadores: quando a ficção científica encontra o trânsito de verdade

 

E lá vamos nós: a China conseguiu transformar um sonho de ficção científica em realidade e, claro, já na primeira temporada da série, tivemos um acidente espetacular. Dois carros voadores colidiram durante um ensaio para um show aéreo em Changchun, e um deles acabou pegando fogo logo após pousar. Felizmente, apenas um piloto saiu com ferimentos leves, mas a cena parecia saída diretamente de um episódio de Black Mirror patrocinado pela Xpeng Aeroht.

A empresa explicou que a batida aconteceu por causa de “espaçamento insuficiente”. Traduzindo: os motoristas , ou melhor, os pilotos,  esqueceram que, no céu, não existe seta, buzina ou faixa de ultrapassagem. E cá entre nós, se já é difícil manter distância mínima no engarrafamento da Avenida Brasil, imagina nos céus de Jilin?

A promessa dos veículos eVTOL é revolucionária: turismo de luxo, entregas rápidas, resgates em áreas de desastre. Mas a pergunta é inevitável: será que estamos prontos para carros voadores no cotidiano? Porque, se na rua o brasileiro já diz “bati, mas foi só um arranhão”, no ar a conversa muda para “bati, mas foi só uma queda de 300 metros”.

O mais curioso é que o governo chinês já projeta esse mercado como um motor de crescimento bilionário, e empresas estão correndo para transformar a ideia em realidade comercial. O problema é que, por enquanto, os carros voadores parecem mais com carrinhos de bate-bate high-tech do que com soluções para mobilidade urbana.

De todo modo, o acidente serviu de aviso: não basta tecnologia, é preciso repensar regras, infraestrutura e, acima de tudo, comportamento humano. Porque, se tem algo que a humanidade já provou, é que adoramos inventar máquinas incríveis,  mas nem sempre sabemos usá-las com cuidado.

Carros voadores são inevitáveis, mas se o futuro for só repetir os erros do trânsito terrestre no ar, o céu vai virar um grande engarrafamento com nuvens de fumaça e sirenes de emergência. Antes de correr atrás do lucro, precisamos correr atrás da responsabilidade.

“Estamos prontos para dividir o céu com carros voadores?”

Jackson Santos

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