A Longa Marcha: Caminhe ou Morra — quando o cinema nos coloca no limite

Há filmes que a gente assiste para relaxar, rir um pouco, esquecer os boletos. E há filmes que parecem ter sido feitos para lembrar que a vida, no fundo, é uma maratona sem linha de chegada. “A Longa Marcha: Caminhe ou Morra” cai exatamente nessa segunda categoria,  nada de pipoca tranquila, aqui a sessão é quase um teste de resistência física e psicológica.

A trama parte de uma ideia simples e cruel: caminhar, caminhar e caminhar mais um pouco. Quem parar… morre. É quase como se o filme tivesse sido inspirado no transporte público brasileiro: você entra, não sabe quando vai sair, e se cansar de esperar, perde o ponto.

Com ritmo sufocante e personagens levados ao extremo, o longa é uma reflexão nada sutil sobre até onde alguém vai para sobreviver. E, claro, é também um espelho incômodo: quantos de nós já não estamos em nossas próprias “longas marchas” do dia a dia, tentando não cair antes do fim do mês, da meta ou do prazo?

O mais fascinante (e assustador) é como a obra mistura entretenimento com crítica social, nos lembrando de que sistemas,  sejam políticos, econômicos ou até culturais,  adoram impor marchas forçadas. Uns obedecem, outros resistem, e muitos simplesmente caem pelo caminho.

Se você procura um filme leve, talvez seja melhor ligar na sessão da tarde. Mas se quiser encarar uma narrativa que cutuca feridas profundas, prepare-se para caminhar junto com os personagens. Só não se esqueça: quem para, fica.

O filme é brutal, mas necessário. É metáfora e realidade ao mesmo tempo: vivemos em um mundo que exige movimento constante, sem espaço para pausas. O problema é que, se não aprendermos a parar por escolha, seremos forçados a parar pela exaustão.

“Estamos caminhando por escolha ou porque não temos outra opção?”

Jackson Santos

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