Era uma vez um prato refinado que não mugia, não tinha couro e não pastava. Tinha asas. E pulava. Ah, como pulava. De campo em campo, de boca em boca, até chegar ao prato, mais caro, veja bem, que carne bovina em Uganda. E quem diria que o gafanhoto, esse pequeno trapezista das plantações, se tornaria o novo símbolo do luxo proteico? Pois é. Se você achava que só o wagyu e a lagosta podiam esnobar no cardápio, prepare-se: o salto da elegância agora tem seis patas.
Enquanto uns choram pelo preço do filé no açougue, outros já estão se especializando na harmonização de chapulines com cerveja artesanal. No México, o petisco é tão tradicional que talvez um dia você vá pedir um taco e ouvir o garçom perguntar se prefere com guacamole ou com perninhas crocantes. No estádio do Seattle Mariners, nos Estados Unidos, o público vai ao jogo não só pelos home runs, mas pelo crunch de um inseto apimentado com sal de limão. Sim, a revolução gastronômica começou em um pote de gafanhotos.
Agora, não se engane, leitor moderno. Não pense que isso é apenas moda ou excentricidade. Estamos falando de um movimento sério, sustentável, global. É proteína com pedigree ecológico. Enquanto o boi solta metano e destrói florestas, o gafanhoto faz barra de cereal e exige pouquíssima água. Ele é o influencer da nova era alimentar: pequeno, resiliente, e com um visual que, sejamos honestos, só uma mãe gafanhota poderia amar.
Mas há quem torça o nariz, claro. Gente que come salsicha sem saber o que tem dentro, mas se recusa a morder um inseto porque viu ele no chão da varanda. Ah, a ironia palatável. A mesma sociedade que idolatra reality show de gastronomia gourmet se horroriza com o que bilhões de pessoas ao redor do mundo já chamam de delícia.
Então, da próxima vez que você ouvir um cri-cri vindo do mato, não ache que é só um grilo reclamando da vida. Pode ser um gafanhoto, orgulhoso, se oferecendo para ser o protagonista do seu próximo jantar. Afinal, na mesa do futuro, quem não pula, cai fora.
Curiosamente, apesar da leitura não ser sua atividade de lazer preferida, Jackson encontra grande prazer na escrita desde a adolescência, onde explorava diferentes formas de expressão literária e musical. Além de escritor, é compositor e foi cantor da banda de rock "Legendários da Nação", experiência que influenciou sua paixão pela música e criatividade artística.
Jackson acredita que "Somente você pode aprofundar em sua própria história. Às vezes, um livro pode ajudar. Mas o caminho principal, não pode ser substituído por nada."
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