Dizem que todo grande caçador vive pelo desafio. Kraven, o homem que caça leões, tigres e, aparentemente, roteiros ruins, chegou às telonas prometendo arrancar aplausos e suspiros. Mas, ao que parece, acabou sendo mais caçado do que caçador, tornando-se o novo alvo favorito da crítica e do público.
Acabei de assistir ao filme. Sim, eu, um grande fã da Marvel, que devora quadrinhos e adaptações como um predador esfomeado. E sabe o que aconteceu? Eu gostei. Gostei como quem come um bolo seco porque é o único na mesa, mas insiste que está ótimo. Porém, preciso admitir: todas as críticas estão certas. Todas.
O filme começa com Aaron Taylor-Johnson, que, vamos admitir, está com mais músculos do que profundidade no papel. Ele é Sergei Kravinoff, o homem que, após um encontro traumático com um leão (ou seria o roteirista?), decide se transformar em um predador letal. A premissa é interessante, mas parece que o leão levou embora a segunda metade do roteiro.
As críticas negativas surgiram ferozmente, como hienas famintas. “Roteiro previsível!”, gritaram uns. “Direção apática!”, reclamaram outros. E houve quem dissesse que o filme se leva tão a sério que parece estar numa reunião de terapia de grupo para vilões incompreendidos.
Mas eis que surgem as críticas positivas, os raros unicórnios dessa savana cinematográfica. “As cenas de ação são intensas!”, disseram. “Aaron Taylor-Johnson está incrível fisicamente!”, elogiaram. Sim, é verdade, as lutas são bem coreografadas, mas, convenhamos, não é difícil parecer impressionante quando se está lutando contra figurantes que agem como se estivessem perdidos na gravação de um comercial de desodorante.
O ponto alto das críticas positivas talvez seja a dinâmica entre Sergei e seu pai. Um drama familiar digno de novela das oito, mas que acaba soterrado pelo resto do filme, como se um leopardo tivesse decidido dormir em cima dessa subtrama.
E o que dizer da violência explícita? Ah, aqui está a grande promessa! Kraven seria o filme da Sony para maiores de 18 anos, cheio de sangue e brutalidade. Mas, no final, parece mais uma festa de Halloween: muito sangue falso e sustos previsíveis.
E você, leitor, pode estar pensando: “Será que vale a pena assistir?” Bem, se você gosta de rir da desgraça alheia (neste caso, a desgraça de um vilão que merecia mais), então sim, vá em frente. Leve pipoca e um espírito leve, porque Kraven, no fundo, não quer ser um filme memorável; ele só quer sua atenção por duas horas.
Agora, se você é um fã incondicional da Marvel, como eu, cuidado. Existe uma grande chance de você acabar cego, apaixonado pelas referências, pelas poucas cenas bem-feitas e pelo potencial desperdiçado. É quase como defender aquele amigo que faz tudo errado, mas você insiste em acreditar que ele só precisa de uma chance.
No final, a verdadeira lição de “Kraven – O Caçador” é que, no cinema, o maior desafio não é caçar leões ou enfrentar críticas, mas sobreviver à selva de expectativas do público. E, nesse caso, parece que Kraven foi abatido antes mesmo de começar a correr. Mesmo assim, eu gostei. E, talvez, você também vá gostar. Ou talvez sejamos só nós, fãs da Marvel, caçando razões para justificar nossas escolhas.
- Made in Brasil, estacionado em Tampa - Junho 16, 2025
- Agora Sim, Galeão: A Sala que Faz Você Voar Antes de Decolar - Junho 16, 2025
- HLOG Galeão é um condomínio logístico de alta performance - Junho 16, 2025