A rocha maquiada: quando o músculo encontra o blush

Veja bem, caro eleitor,  digo, leitor, há momentos na vida em que um homem precisa fazer escolhas difíceis. Uns escolhem entre carne ou frango no bandejão. Outros, entre manter a dignidade ou se render ao brilho labial rosa chiclete aplicado com a precisão cirúrgica de uma criança de sete anos. The Rock, a montanha humana com bíceps do tamanho de uma Kombi, escolheu a segunda opção. E, convenhamos, talvez tenha sido a melhor decisão de sua vida.

Sim, meus caros, o titã de Hollywood, o Hércules da franquia Velozes & Furiosos, agora também é o novo rosto, literalmente, da linha Princesas Anárquicas & Glitter Total. Porque é isso que acontece quando você tem filhas. Um dia você está estrelando filmes de ação e quebrando tudo; no outro, está sentado com o rosto coberto de purpurina, encarando a câmera com o mesmo olhar de quem acabou de perder a final da Libertadores nos pênaltis.

Mas não se enganem com a ironia das bochechas coradas. Há algo de profundamente sério, quase filosófico, nessa cena doméstica. Uma metáfora brilhante, como a sombra azul cobalto que Jasmine passou com fúria no supercílio direito do pai: a verdadeira coragem, senhores, não está em lutar contra monstros ou pular de arranha-céus em chamas. Está em entregar seu rosto, seu ego e seus poros ao julgamento implacável de duas pequenas artistas com uma paleta vencida da Barbie.

The Rock ainda tentou justificar. Falou sobre decisões de vida, sobre o tamanho da própria cabeça,  o que nos leva a crer que ele já prevê uma exposição permanente no Louvre infantil, com direito a bigode de canetinha e sobrancelha invertida. Mas a verdade está nas entrelinhas: o machão global está rendido. E não é à testosterona. É ao amor. Àquelas mãozinhas que não sabem distinguir batom de delineador, mas sabem exatamente onde aplicar uma dose concentrada de humildade.

E antes que algum leitor conservador venha dizer que isso é a ruína da masculinidade, a gente responde com um sorrisinho rosa-choque e um emoji de coração: ruína é não aproveitar o agora. Ruína é perder a chance de ser lembrado como o pai que deixou o mundo de lado para virar tela de arte ambulante num domingo de manhã.

The Rock, maquiado, é um monumento moderno. Um lembrete vivo de que até os homens mais fortes se desmancham diante de um espelho e duas filhas. E que isso, meus amigos, não é fraqueza. É exatamente o contrário.

E se amanhã ele estiver com glitter até no suvaco durante a gravação de Jumanji 4, que seja. Porque, como diria um sábio filósofo contemporâneo com sobrancelhas verdes, nossos pequenos só são pequenos uma vez. E o blush… ah, o blush é eterno.

Jackson Santos

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