Edgar Allan Poe, o mestre dos mistérios e terrores, conseguiu um feito notável: transformou sua própria morte em uma trama digna de suas histórias mais macabras. Fico imaginando se ele, de fato, orquestrou tudo isso de alguma dimensão paralela, observando enquanto acadêmicos, jornalistas e curiosos continuam a investigar, como se estivessem participando de um eterno escape room. Afinal, o que seria mais poe-ticamente apropriado do que morrer cercado de perguntas sem resposta?
Não importa quantos séculos se passem, ainda estamos aqui, debatendo se foi loucura, sequestro, envenenamento ou apenas o trágico acaso.
A cena final é irresistivelmente teatral. Poe, quase irreconhecível, usando roupas que não são suas, em um estado de delírio digno de um vilão shakespeariano, clamando por um tal de “Reynolds” (seria um amigo, um inimigo ou talvez apenas o nome de um garçom que lhe negou mais uma dose?). É o tipo de reviravolta que ele próprio escreveria: o protagonista desmoronando na penumbra, deixando para trás um rastro de teorias e especulações, mas nenhuma conclusão.
O “Cooping”: Crime ou Coincidência Cômica?
Uma das teorias mais deliciosamente irônicas é a do cooping – prática de sequestrar eleitores para fazê-los votar repetidamente, à força. Imaginem o pobre Poe, arrastado de uma urna para outra, vestido de forma cada vez mais desleixada, até ser descartado como um figurante que perdeu o papel. Parece um episódio perdido de Black Mirror. E, sinceramente, se fosse verdade, seria a maior ironia de todas: o escritor que imortalizou o terror psicológico sendo vítima de uma farsa eleitoral grotesca. Seria trágico, mas também muito Poe.
Assassinado por Romance?
Outro enredo favorito é o dos irmãos de sua noiva rica, furiosos com a ideia de que o autor do Corvo pudesse colocar as mãos na fortuna da irmã. Se esse cenário fosse real, Poe teria, sem saber, vivido um clichê de novela: o artista atormentado versus a aristocracia calculista. Francamente, é tão dramático que até parece autopropaganda, como se ele estivesse tentando garantir um lugar em nossas mentes mesmo 170 anos depois.
A Ciência não Resolve Tudo, Poe Sim
Mas talvez o melhor aspecto desse mistério seja a frustração que ele causa nos cientistas modernos. Examinaram o cabelo, o crânio, teorizaram sobre tumores, raiva, meningite, envenenamento, e ainda assim, nada definitivo. É como se Poe tivesse assinado um contrato cósmico: “Minha vida pode ser um caos, mas minha morte será um clássico.”
Moral da História: A Vida Precisa de um Fim Aberto
A morte de Poe é o equivalente literário de um filme que termina com um corte abrupto antes do clímax. Nós, leitores, espectadores e investigadores amadores, ficamos pendurados, debatendo até hoje. Talvez a verdadeira lição aqui seja: nem toda história precisa de um final fechado. Às vezes, é o mistério que mantém a chama acesa. Ou, como diria Poe, “Tudo o que vemos ou parecemos não passa de um sonho dentro de um sonho.” E, nesse caso, uma pergunta dentro de uma pergunta.
Eu tenho uma namorada, minha vidinha louca, a Rosana Depp, por quem tenho tanto amor, ela é grande fã de Edgar Allan Poe e, além disso, bastante exigente, especialmente quando lê os contos que escrevo. Confesso que não sei como ela vai avaliar minha opinião, mas vou compartilhá-la mesmo assim:
Talvez Poe estivesse apenas seguindo o roteiro de sua própria vida, um ato final tão obscuro e surreal quanto suas obras. É quase poético que um homem que explorou as profundezas mais sombrias da mente humana tenha partido sob circunstâncias igualmente sombrias e inexplicáveis. Ele praticamente se tornou o personagem de uma de suas histórias, com a morte como seu grande clímax literário.
Mas, se formos realmente honestos, talvez a causa da morte de Poe seja o menor dos mistérios. O verdadeiro enigma é como ele, com uma vida marcada por tragédias e reviravoltas, conseguiu criar obras que continuam a hipnotizar gerações. É como se ele tivesse uma parceria secreta com o sobrenatural, entregando a ele a habilidade de transformar o sofrimento em arte imortal.
No fundo, o que realmente acho? Poe não precisa de um “diagnóstico” ou de uma solução para sua morte. Ele já está onde sempre pertenceu: no reino do inexplicável. E isso, convenhamos, é a maior homenagem que podemos prestar ao mestre do mistério.
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