Made in Brasil, estacionado em Tampa

 

 

É sempre curioso ver como o mundo gira. Um dia estamos discutindo o preço do pãozinho na padaria da esquina, no outro, nossos aviões estão dando rasante, com toda a diplomacia, claro, em eventos militares norte-americanos.

A Embraer, essa moça linda e maravilhosa de São José dos Campos que já foi a caçula das fabricantes de avião, agora circula pelos salões militares dos Estados Unidos com um ar de veterana elegante. Ela chega em Las Vegas com o KC-390, um caminhão voador que carrega de tudo, de tanque a cachorro-quente, se deixar. E quando todos pensavam que ela voltaria ao Brasil para comemorar com pão de queijo e suco de caju, eis que ela vira à esquerda e pousa em Tampa, para participar da SOF Week, (5 a 8 de maio).

Tampa, meus caros. Lar de flamingos, aposentados e, agora, também do KC-390 Millennium, nome de vilão de ficção científica ou herói da Marvel, ainda estamos decidindo.

A proposta da Embraer é clara: mostrar que brasileiro não vive só de futebol e novela. Também sabemos fabricar aviões capazes de reabastecer caças em pleno voo, com a mesma precisão de quem pinga óleo na frigideira para fritar o ovo.

E se isso não bastasse, ela ainda leva o A-29 Super Tucano, que, apesar do nome de parque de diversões, é um bravo guerreiro dos ares. Um verdadeiro Davizinho moderno, que já provou sua coragem em missões ao redor do mundo — e sem precisar levantar a voz.

Na SOF Week, a Embraer não foi só fazer social. Ela foi aprender, fazer conexões e, claro, mostrar ao mundo que o futuro da defesa pode muito bem vir com sotaque e trilha sonora de samba.

E para os entusiastas da aviação,  ou os curiosos que só querem ver de perto o que um brasileiro faz voando tão alto, a Embraer oferece um tour exclusivo até o aeroporto de Tampa, com direito a transporte de ônibus. Sim, ônibus. Porque, convenhamos, nem todo mundo tem um caça na garagem. A única coisa que ficou faltando foi um cafezinho e aquela lembrancinha “Estive com o KC-390 e lembrei de você”.

No estande #1701, os especialistas da Embraer estarão prontos para falar de engenharia, inovação e, quem sabe, ensinar os gringos a pronunciar “KC-390 ” sem engasgar.

Enquanto isso, aqui do Brasil, assistimos a tudo com aquele misto de orgulho e incredulidade, pensando: “Rapaz… e não é que a gente está mesmo bombando nos EUA?”.

É o Brasil voando alto, literalmente. Só falta agora alguém avisar à NASA que nosso foguete também não tem ré.

 

Jackson Santos

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