Senhoras e senhores, embarquem com destino à dignidade

 

Confesso: meu sonho sempre foi ser carregado como um faraó em férias. Mas o Japão, com sua mania de ser o Japão, resolveu jogar isso na lata do lixo e criar uma cadeira de rodas autônoma que leva o passageiro com mobilidade reduzida pelo aeroporto sem precisar de ninguém empurrando. Sim, sem empurrão, sem “pra onde você vai, senhor?”, sem aquele funcionário que te guia com a delicadeza de quem tá manobrando um carrinho de supermercado desgovernado.

A cadeira simplesmente pergunta: “Onde você quer ir?” — e não julga. Ela vai. Sozinha. E o mais incrível: ela volta! Diferente daquele crush que disse “vou só ali” e sumiu.

Mas a gente precisa mesmo de robôs pra isso? Precisa sim. Porque dignidade não deveria depender de alguém estar disponível, mal-humorado ou com pressa. E porque, em muitos lugares, o básico ainda é tratado como favor. No Japão, dignidade virou tecnologia de ponta. Aqui, às vezes, ainda é encarada como luxo.

Claro, sempre tem quem diga: “Ah, mas isso tira o emprego dos funcionários!” — e eu concordo, a gente precisa debater isso. Mas será que não vale pensar em realocar essas pessoas para funções mais qualificadas, ao invés de insistir que a cadeira tem que ser empurrada por alguém pra manter a tradição?

Enquanto isso, no Japão, o passageiro vai sozinho pro portão de embarque. Sem precisar pedir. Sem constrangimento. E com estilo. Porque, convenhamos, ser conduzido por um robô de última geração é o mais próximo que a gente chega de ser protagonista de um filme futurista — ou, no mínimo, de sentir que é tratado como alguém que importa.

Vale lembrar que essa tecnologia está em uso no Aeroporto Internacional de Narita, que não fica em Tóquio, como muitos pensam, mas sim na cidade de Narita, província de Chiba. Já o Aeroporto de Haneda, que também vem testando soluções semelhantes, está de fato localizado em Tóquio. Ou seja, os japoneses não estão brincando em serviço — estão investindo pesado para tornar seus aeroportos mais acessíveis e humanos. Ironia do destino: a humanidade, às vezes, vem das máquinas.

Ah, e se você acha que tudo isso é exagero da minha mente criativa, recomendo fortemente que assista ao vídeo abaixo, produzido pelo @aondeagenteta de Bruno & Thaís. Eles mostram, de forma didática e leve, como essa tecnologia funciona na prática. Vale cada segundo do play — especialmente se você ainda acha que acessibilidade é sinônimo de caridade e não de direito.

Quem sabe um dia essas ideias não desembarcam por aqui também? Talvez tragam na bagagem um pouco de empatia automatizada. Porque, se o humano anda falhando, vai que o robô acerta.

 

 

Jackson Santos

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