Pocket Gone: O Silêncio Proibido

Imagine a cena: você está curtindo um dia de sol na praia, tentando se conectar com a natureza, ouvindo o suave som das ondas, quando… BUM! Entra o vizinho de areia com uma caixa de som no volume máximo, tocando aquele reggaeton repetitivo que gruda no cérebro feito chiclete. Em meio ao desespero, surge um herói improvável: um turista argentino, munido de um pequeno dispositivo, que num simples clique devolve a paz à humanidade.

O aparelho em questão é o famoso Pocket Gone, um bloqueador de sinal que opera na frequência de 2,4 GHz e faz o Bluetooth das caixas de som simplesmente… desaparecer. Parece mágica, mas é só tecnologia aplicada ao combate ao mau gosto musical. No entanto, antes de você sair correndo para procurar um desses, saiba que no Brasil esse “exterminador de barulhos indesejados” é ilegal.

Sim, amigos, interromper o pagodão alheio com tecnologia de ponta pode custar caro. A Anatel, aquela entidade que regula desde sua internet lenta até sua paciência, proíbe terminantemente o uso desses dispositivos. Afinal, o Pocket Gone não se contenta em calar caixas de som; ele pode atrapalhar drones, videogames e até sistemas de comunicação mais sérios. Ou seja, de herói da paz à ameaça nacional, a linha é tênue.

E a punição? Nada menos que uma multa de R$ 10 mil e até quatro anos de detenção. Isso mesmo, quatro anos! Ou seja, você pode acabar dividindo cela com criminosos reais, tentando explicar para os colegas de presídio que seu crime foi calar um funkeiro na praça. Convenhamos, não soa como uma história de respeito no mundo do crime.

Mas vamos falar sério: apesar de tentador, será que o uso desse aparelho é realmente a solução para a praga sonora moderna? Ou estamos apenas fugindo da raiz do problema, que é o bom senso (ou a falta dele)? Talvez fosse mais fácil ensinar as pessoas que gosto musical não precisa ser compartilhado à força, como uma promoção de operadora de celular.

Por outro lado, o Pocket Gone levanta uma reflexão interessante: até que ponto devemos tolerar o som alheio? Será que um “botão de mute” para o mundo não seria uma invenção revolucionária? Imagine desligar vizinhos barulhentos, buzinas de trânsito e até aquele tio que insiste em falar de política no churrasco. A tecnologia pode até não ser legalizada, mas a ideia… ah, essa sim, tem um enorme potencial.

Então, caro leitor, da próxima vez que você pensar em construir um jammer para buscar paz no caos urbano, lembre-se: além de ilegal, o verdadeiro problema talvez não seja a música alta, mas sim a falta de fones de ouvido… e de noção.

Jackson Santos

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