Envelhecendo com Vista para o Horizonte

Ah, o sonho de morar no alto. Você, todo radiante, sobe até o 20º andar do seu novo apartamento, sente a brisa bater no rosto e pensa: “É aqui que eu vou viver a vida, acima da mediocridade e do trânsito.” Mal sabe você que cada segundo passado nessa cobertura luxuosa está te levando para mais perto do caixão. Bem-vindo à Teoria da Relatividade aplicada à vida urbana.

Sim, caro leitor, Einstein, além de um gênio, era o porta-voz dos estraga-prazeres. A Teoria da Relatividade, que deveria ser confinada ao reino das estrelas e buracos negros, resolveu invadir nosso mundinho cotidiano com uma revelação bombástica: quanto mais alto você mora, mais rápido você envelhece. Não muito, claro — estamos falando de alguns nanossegundos a mais por ano. Mas vamos combinar, a ideia é irritante.

Imagine só o diálogo na reunião de condomínio:
— “Por que você escolheu o primeiro andar?”
— “Para viver mais, querido. Estou ganhando anos de vida enquanto você no 25º está basicamente correndo para a cova.”

É lógico que a diferença é insignificante, mas não deixa de ser divertido pensar no conceito. A cada viagem no elevador, você não está apenas subindo; está literalmente acelerando o relógio biológico. E enquanto você se preocupa com rugas ou com a falta de vitamina D, o vizinho do térreo está aí, triunfante, vivendo no equivalente a uma fonte da juventude gravitacional.

A ironia da situação? Os andares altos, com suas vistas panorâmicas e aluguéis estratosféricos, são símbolos de status. Pagamos mais para morar onde o tempo corre mais depressa. É quase como se estivéssemos comprando uma viagem premium para o fim da linha. Sério, você acha que é coincidência que a elite gosta de “morar no topo”? Talvez eles saibam que suas fortunas não podem comprar a eternidade, então decidiram encurtar o caminho.

Agora, aqui vai minha opinião: isso tudo é uma desculpa científica maravilhosa para justificar morar no térreo. Sabe aquele prédio de três andares sem elevador, onde você está pertinho do solo e, aparentemente, do elixir da longevidade? Parabéns! Você está economizando tempo e energia — literalmente.

Mas, claro, isso também gera dilemas filosóficos. Afinal, o que vale mais: viver um pouco mais ou viver com uma vista deslumbrante? Talvez o segredo esteja no equilíbrio. Um andar intermediário, talvez o 8º, onde você não está nem envelhecendo rápido demais nem perdendo a chance de ver o pôr do sol por cima das antenas da vizinhança.

No final, tudo é relativo. Quer envelhecer devagar? Morre no térreo. Quer viver com estilo, mesmo que isso signifique ganhar uns milissegundos extras de idade por ano? Suba e abrace sua mortalidade com classe. Afinal, estamos todos indo na mesma direção, só que alguns com uma vista melhor. E, sejamos honestos, quem é que conta os segundos quando está olhando para o horizonte?

Jackson Santos

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