Nosferatu (2024): Quando o terror encontra o tédio (mas com muito estilo)
“Nosferatu”, o clássico do cinema mudo de 1922, um filme que, com seu Conde Orlok de orelhas pontudas e olhos de peixe morto, fez gerações dormirem com a luz acesa. Então, em 2024, Robert Eggers, o novo queridinho dos cinéfilos, decidiu que o mundo precisava de um remake. Porque, claro, o que a sétima arte mais carecia era de um vampiro menos assustador e mais hipster.
Vamos lá, leitor, imagine-se na reunião em que decidiram recriar esse marco do expressionismo alemão. “Precisamos de algo inovador”, disse um produtor com óculos vintage. “Mas inovador como?” respondeu outro, enquanto passava cera na bigodeira. “E se fizermos exatamente a mesma coisa, só que em 4K e com um orçamento que poderia acabar com a fome no mundo?” Eureka!
E assim nasceu o Nosferatu de Eggers, uma obra que, visualmente, é uma obra-prima gótica, como se um álbum do Bauhaus tivesse ganhado vida. Não se pode negar, cada cena parece um quadro, e os cenários te jogam direto para uma Alemanha pós-pesadelo, onde a penumbra é mais densa que a trama. Mas… e a história? Bem, ela está lá em algum lugar, escondida entre as sombras, como o próprio Orlok.
Bill Skarsgård: O vampiro do TikTok
Bill Skarsgård, nosso novo Conde Orlok, não é apenas assustador. Não, ele é “emocionalmente complexo”. Esqueça o terror visceral; aqui temos um vampiro que parece estar refletindo sobre os males do capitalismo enquanto suga o pescoço das vítimas. Sua performance é discreta – tão discreta que, às vezes, você pode até esquecer que ele está em cena. Talvez seja isso que chamam de atuação minimalista; eu chamo de “desculpa para tirar um cochilo no set”.
Anya Taylor-Joy: A donzela mais apática da história
E aí temos Anya Taylor-Joy, a musa de Eggers, que, para variar, interpreta uma mulher pálida, de olhar vazio e… é isso. Sua personagem é tão interessante quanto um tutorial de dobradura de guardanapo. Cada vez que ela aparecia na tela, eu me perguntava: será que ela vai ser mais cativante? A resposta era sempre “não”.
A trilha sonora: Uma ópera do caos
A música é outro destaque, no sentido de que grita na sua cara: “Veja como somos artisticamente sofisticados!” Violinos dissonantes, murmúrios macabros e aquele tipo de som que faz seu gato correr para debaixo da cama. É como se o compositor estivesse tentando ser mais assustador que o próprio Orlok.
O terror virou um drama existencial
E agora chegamos à questão principal: onde está o terror? Eggers, em sua busca por profundidade, trocou o horror por um melodrama sombrio. Conde Orlok não quer apenas sugar sangue; ele quer que você compreenda os dilemas existenciais de um ser imortal preso na rotina. Afinal, todos podemos nos relacionar, não é?
Eggers, o poeta da escuridão (e da enrolação)
Robert Eggers claramente tem talento. Mas talvez alguém devesse ter dito a ele que, às vezes, menos é mais. Assistir ao filme é como folhear uma revista de arte: bonito, mas extremamente cansativo. Ele é tão obcecado por estilo que esquece de nos dar o básico – personagens que nos importem, uma narrativa envolvente e, quem sabe, uma pitada de terror aqui e ali.
Um presente para os olhos, um teste para a paciência
Em resumo, Nosferatu (2024) é um filme que se leva tão a sério que chega a ser cômico. É lindo, sim, mas vazio. É como aquele amigo que sempre posta fotos incríveis de viagens no Instagram, mas que, quando você encontra, não tem nada interessante para dizer.
Se você é fã de filmes lentos, cheios de subtexto e que transformam vampiros em filósofos existenciais, vá em frente, assista. Agora, se você esperava sentir medo, sugiro reassistir ao original de 1922 – ou talvez ao “Crepúsculo”, que, pelo menos, tem mais ação.
E quem sabe, no futuro, teremos outro remake, dessa vez com o Conde Orlok descobrindo o amor próprio ou se reinventando como influencer digital. Afinal, o terror verdadeiro está no absurdo, e Hollywood sempre encontra uma maneira de nos surpreender.
Minha opinião sobre Nosferatu (2024) é a seguinte: é um filme que se destaca visualmente e exibe toda a habilidade técnica de Robert Eggers, mas que parece ter esquecido a alma do original. A atmosfera gótica e os cenários deslumbrantes são inegáveis, mas, no coração do filme, falta aquilo que tornou o clássico tão icônico – o medo visceral e a inquietação que perduram.
Eggers priorizou tanto o estilo que o conteúdo acabou se diluindo em melodramas existenciais e atuações tão minimalistas que mal conseguimos nos conectar com os personagens. É um espetáculo para os olhos, mas uma experiência que pode testar a paciência de quem busca uma narrativa envolvente e um terror mais tradicional.
Se o propósito do remake era reviver a glória de um clássico, ele tropeça em sua ambição. No entanto, para aqueles que apreciam o cinema como arte visual acima de tudo, Nosferatu (2024) ainda pode ser uma jornada interessante, embora distante da promessa de seu nome.
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